- Posted by: Karina ComDeus
- 6 de dezembro de 2019
- Categories: Notícias e Artigos
Interceda antes de mais nada
De acordo com o Dicionário Conciso de Oxford,
a intercessão é “uma oração ou petição
feita em nome de outro”.
O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que “a oração de intercessão consiste numa
petição em favor de outrem” (CIC 2647). “A
intercessão é uma oração de petição que nos conforma de perto com a oração
de Jesus. É Ele o único intercessor junto do Pai em favor de todos os homens,
em particular dos pecadores” (CIC 2634). De alguma forma, o entendimento
popular sobre intercessão é de que ela é algo previsto para pessoas
especializadas, que possuem um dom ou um chamado para a intercessão ou para
aqueles diretamente envolvidos no ministério de intercessão.
Muitas das nossas comunidades, ministérios e
grupos de oração possuem um ministério de intercessão, além disso, as
pessoas que têm esse chamado especial são as designadas com a
responsabilidade de interceder. Tenho ouvido líderes e membros envolvidos
em outros ministérios normalmente dizerem: “a
intercessão não é a minha praia”. De acordo com eles, somente algumas
pessoas recebem um chamado especial para interceder. A compreensão de São Paulo sobre a intercessão é bem
diferente dessa noção popular:
“Acima de tudo, recomendo que
se façam preces, orações, súplicas, ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos
os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma
e tranquila, com toda a piedade e honestidade” (1Tm 2,1-2).

Intercessão
como primeira prioridade
São Paulo coloca a
intercessão como primeira prioridade. De acordo com ele, todo mundo é chamado a
interceder e devemos interceder por todos. De modo especial, devemos interceder
pelos que estão constituídos em autoridade, para que possamos ter uma vida de
paz e piedade. Se levarmos a sério essa exortação, nós logo perceberemos a
razão pela qual não estamos sendo capazes de ter uma vida em paz e piedade no
tempo presente. Sentimos-nos bastante tristes ao ver o declínio da fé, a perversão, o materialismo e o crescimento da
influência dos poderes das trevas ao nosso redor, isso porque falhamos ao não
assumirmos a intercessão com a seriedade que ela merece. Estamos entristecidos
com os escândalos em todas as esferas de liderança – política, social,
religiosa, etc.
A questão é: estamos rezando suficientemente por aqueles
constituídos em autoridade em todas essas esferas? Se hoje nós ou nossos irmãos
e irmãs somos incapazes de “viver uma
vida calma e tranquila, com toda a piedade e honestidade”, não seria pelo
fato de não termos rezado suficientemente “por
todos os que estão constituídos em autoridade”?
Podemos estar envolvidos na administração, no trabalho
pastoral, na educação, nas obras sociais, na evangelização, nos serviços sociais, no ministério de cura ou nos apostolados
das mídias sociais. Seja qual for o ministério que estejamos envolvidos, antes
de tudo, somos chamados a interceder.
Um certo palestrante sobre intercessão explica assim: “Todos os ministérios estão ligados ao
ministério da intercessão. Imagine um imenso guarda-chuva representando a
Igreja. Ele tem aquelas diversas varetas de sustentação do tecido, sendo que
cada vareta dessas representa os diferentes ministérios da Igreja, mas a haste central, aquela à qual estão ligadas
todas as varetas dele,
é a intercessão. Assim como a haste central estabiliza as varetas e ajuda o
guarda-chuva a realizar a sua missão, da mesma forma os intercessores
estabilizam a Igreja e permitem que ela realize sua missão de uma forma toda
especial. Os intercessores estabilizam os ministérios, pois é a partir da
profunda oração de intercessão que as graças de Deus e o poder de Deus fluem
para todos os ministérios.” Porque a intercessão é a usina de força de
todos e de cada ministério no qual estamos envolvidos.
Exemplo
de Jesus
Quando se fala de intercessão, nós temos o poderoso
exemplo do próprio Jesus. Nos dias de Sua vida mortal, dirigiu preces e
súplicas, entre clamores e lágrimas, para Aquele que O podia salvar da morte, e foi atendido pela Sua piedade (Hb 5,7).
O ministério de Jesus começou com os quarenta dias de
oração e jejum e continuou a ser encharcado de orações. Antes da escolha dos
doze discípulos, Jesus passou uma noite inteira em oração (Lc 6,12-13). Jesus
orou por Pedro, para que sua fé não fraquejasse (Lc 22,31-32). Jesus orou por
mais trabalhadores (Mt 9,37-38). Ele intercedeu pelo mundo inteiro e, portanto,
por cada um de nós (Jo 17,6-26). Jesus redimiu os pecados de toda a humanidade
por meio da Sua paixão e morte na cruz (Rm 4,25). Esse foi o maior
ato de intercessão de Jesus. Até mesmo na cruz, Jesus orou por seus inimigos
(Lc 23,34).
Jesus
continua sua intercessão:
Ao nosso Sumo Sacerdote, entretanto, compete ministério
tanto mais excelente quanto ele é mediador de uma aliança mais perfeita, selada
por melhores promessas (Hb 8,6).
São Paulo nos diz que
Jesus, sentado à direita de Deus, está de fato, intercedendo por nós (Rm 8,34).
Isso porque Ele “deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento
da verdade” (1Tm 2,4).
A intercessão deveria ser o detonador e o primeiro
movimento de todas as nossas iniciativas. O cavalo precisa ser colocado à
frente da carroça. O sucesso do nosso ministério vai depender da intensidade
com a qual intercedemos por nossos projetos, programas e pelas pessoas que
atingimos. São João Paulo II enfatizou o papel da intercessão na eficácia da evangelização: “A
oração deveria acompanhar o dia a dia do missionário, de modo que, a
proclamação da Palavra seja efetiva por meio da graça de Deus” (Redemptoris
Missio 78).
A maior necessidade de hoje é a de intercedermos pela
Igreja e pela sua missão no mundo. Sem o crescimento
da quantidade de evangelistas, missionários e obreiros cristãos, só veremos a
multiplicação do resultado desse trabalho se tratarmos de multiplicar a oração
na Igreja. Talvez, não sejam todos capazes de pregar e alcançar o mundo longínquo
evangelizando, mas algo que todos nós podemos fazer é interceder. E essa é a
melhor coisa que podemos fazer. A chave para a evangelização do mundo é a sua e
a minha oração.
Vamos começar ainda hoje, agora mesmo?
Texto extraído do livro “Intercessão Profética:
Resposta aos Sinais dos Tempos“, de Cyril John.
Fonte: Cação Nova