- Posted by: Karina ComDeus
- 29 de outubro de 2019
- Categories: Notícias e Artigos
Harmonizada e harmonizadora: A Igreja que reconcilia
Papa Paulo VI, durante o seu pontificado,
insistiu e proclamou, a expressão “civilização do amor”, uma nova forma exaltada
e apostólica de comunicar ao mundo a missão da Igreja. Ela deve ser sinal de
reconciliação, mas, ao mesmo tempo, deve reconciliar-se consigo mesmo.
Temos, constantemente, a possibilidade de enxergarmos
atitudes belíssimas da Igreja como mediadora dos conflitos mais fortes, em
países em guerra, em situações de miséria. Digo mais uma vez: a reconciliação
“ad-intra”, dentro da comunidade eclesial, é muito exigente.
Busquemos a vivência de uma Igreja
reconciliada entre si, para ser reconciliadora para os outros
As inúmeras divisões que surgem entre nós são,
verdadeiramente, sinais de uma experiência que mancha nossa vida cristã. A
comunidade, como proposta do Reino, percebe-se não somente carente, mas também
cansada, e o que pode ser pior, desanimada.
“Perante os nossos contemporâneos,
tão sensíveis à prova dos testemunhos, concretos de vida, a Igreja é chamada a
dar o exemplo da reconciliação, antes de mais no seu interior; e para isto,
todos devemos esforçar-nos por apaziguar os ânimos, moderar as tensões, superar
as divisões, sanar as feridas eventualmente infligidas entre irmãos, quando se
agudiza o contraste entre opções no campo do opinável, e procurar, de
preferência, estar unidos naquilo que é essencial para a fé e a vida cristã,
segundo a antiga máxima: ‘in dubis libertas in necessariis unitas, in omnibus
caritas’ (liberdade naquilo que é duvidoso, unidade no que é necessário e
caridade em todas as coisas)”. Exortação Reconciliatio et Paenitentia.
As tensões agudizam a separação. Na medida em que essas
tensões não são resolvidas, dialogadas nem colocadas no coração do próprio
Cristo, os irmãos perdem a possibilidade de anunciar ao mundo a grandeza do
mistério da comunhão, uma comunhão fundamental para poder dar aquele primeiro
passo ao qual me referi anteriormente. A missão reconciliadora da Igreja supera
meros pactos políticos ou diplomáticos. A verdadeira reconciliação vem do
desejo de olhar de novo para o outro dentro da “Koiné” (comunhão).
Uma
experiência ecumênica
Aqui, nasce a verdadeira experiência universal. Aqui,
reside o maior dos critérios para que possamos conviver uns com os outros sem
agressão, sem dissimulação, sem egocentrismo. O fato de ir até o outro da forma
como ele é já é uma conquista no caminho da verdadeira comunhão. A exortação
pós-sinodal cria uma expressão sobre a qual vale a pena deter-nos: “diálogo da salvação”. Que expressão mais
significativa e esclarecedora no caminho da reconciliação! No mundo
secularizado no qual vivemos, nada melhor do que nos aproximarmos dos frios,
indiferentes e distantes que, muitas vezes, optam por esse tipo de atitude
devido à nossa falta de diálogo.
O diálogo será restaurado sempre e quando eu acolher o
outro como ele vem, na maioria das vezes, destruído e sem vestes, sem
sandálias, sem aliança no dedo, com fome e desgarrado após ter decidido voltar
para a casa do Pai. Levando em conta também que muitos dos que voltaram para a
casa do Pai fizeram-no sem nenhum tipo de conscientização ou de decisão, mas
motivados por diversas situações. Percebemos que alguns voltam ao caminho da
reconciliação quase que por forma “casual”:
encontro com alguém que o motivou a participar de um serviço social ou de um
trabalho caritativo dentro da Igreja. A estes teremos que acolher ainda mais
com entranhas de misericórdia.
Texto
extraído do livro “Reconciliação: Um caminho de amor e perdão”
Fonte: Canção Nova